Análise da pesquisa Ibope divulgada pelo Estadão na última segunda-feira (26) sentenciou: Lula perdeu condições de assegurar sua eleição em 2018, pois saltou sua rejeição e caiu o número de eleitores que diziam que com certeza votariam no petista na próxima disputa presidencial.
Na última terça (27), com todos os jornais destacando que os negócios do filho de Lula é alvo da Operação Zelotes, o Estadão não se conteve e noticiou, em seu portal, que o petista é, ainda de acordo com a mesma pesquisa Ibope, o mais rejeitado entre Marina Silva (Rede), Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin, José Serra e Aécio Neves, todos do PSDB.
O comentário é publicado por Luís Nassif, publicado por Jornal GGN, 28-10-2015.
Mas segundo o relatório do Ibope, a melhor leitura para essa nova sondagem, que contrapõe potencial de voto com rejeição, é que "metade dos eleitores rejeita" todos os presidenciáveis colocados na pesquisa.
A pergunta feita pelo Ibope foi se cada um dos postulantes receberia com certeza, poderia receber ou não receberia de jeito de nenhum o voto do entrevistado. Alguns abraçaram mais de um candidato.
Outros rejeitaram a maioria ou todos. E teve também quem não soube responder por indecisão ou desconhecimento sobre o político. Logo, as somas não chegam a 100%.
De qualquer forma, considerando a margem de erro de dois pontos percentuais, Lula (descartado por 55% dos entrevistados) é tão rejeitado quanto Alckmin (52%), Serra (54%) e Ciro (52%), ao contrário do que disse o Estadão. Apenas Aécio e Marina, derrotados na corrida contra Dilma Rousseff (PT), aparecem em patamar inferior de rejeição: 50% dizem que não votariam de jeito nenhum na mentora da Rede, e 47% não consideram Aécio uma opção.
Alckmin e Ciro, que aparecem pela primeira vez na pesquisa, ainda são desconhecidos por uma parte considerável do eleitoral. Cerca de 24% desconhecem o pedetista e 16%, o governador de São Paulo.
Serra vive um ocaso, ressurgindo na mídia apenas quando lhe convém. Tanto que o número de eleitores que dizem não conhecer o senador o bastante para avaliar se votariam ou não nele para presidente saltou de 9%, em março de 2013, para os atuais 11%. Outro ponto destacável é que, ao contrário dos demais potenciais candidatos, Serra sempre surfou na onda dos 50%, em média, de rejeição.
Marina, que ao contrário de Aécio só faz aparições relâmpagos na imprensa desde outubro de 2014, viu sua taxa de desconhecimento saltar de 5% para 10% em um ano. Nesse período, os que votariam nela com certeza cairam de 20% para 11%, e os que poderiam votar, de 36% para 28%. A rejeição foi de 31% para 50%.
Aécio
No início da série (março de 2013), Aécio era um candidato desconhecido por 34%. Hoje, depois de angaria 51 milhões de votos na corrida presidencial de 2014, esse índice está em 9% - cresceu três pontos desde outubro de 2014. Também desde o início da série, Aécio conseguiu dobrar o número de eleitores que votariam nele com certeza. Mas foi de 7% para os atuais 15%.
Nos meses da última campanha presidencial, ele capitalizou mais entre potenciais eleitores (aqueles que "poderiam votar"), mas esse número também caiu 38% para 27% neste último ano, mesmo com o tucano ocupando o noticiário quase que diariamente, fazendo forte oposição ao governo Dilma. Sua rejeição saltou de 32% para 47%, de um ano para outro.
Lula
Lula, que tem sentido o desgaste político das investidas do Ministério Público Federal contra sua atuação em outros países (caso BNDES) e as empresas de seu filho (Zelotes), fora a Lava Jato, viu sua rejeição ultrapassar numericamente a de José Serra, que era a maior até então. Mas o ex-presidente ainda consegue o feito de ter o eleitorado mais cativo entre todos os outros postulantes. Cerca de 23% votariam em Lula com certeza. É um índice menor do que o petista possuia em maio de 2014 (33%), mas ainda é praticamente o que Marina e Aécio possuem juntos hoje, se considerada a margem de erro.
A leitura correta que o Estadão fez, segundo o relatório do Ibope, é que Lula tem perdido potencial de voto, sim, mas no mesmo ritmo que os demais candidatos. Ou seja: o ex-presidente, que já bateu recorde de popularidade, sofre perdas com as novas "adversidades" da política, mas os concorrentes não têm demonstrado capacidade para capitalizar essas perdas do adversário petista.
Veja a pesquisa completa aqui, e a evolução do potencial de voto aqui.
Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/
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