O Palácio da Alvorada foi palco hoje de uma reunião de emergência entre a presidente Dilma Rousseff e ministros. O motivo do encontro, foi feito às pressas antes de uma viagem da presidente aos Estados Unidos, foi a delação premiada realizada pelo dono da UTC, Ricardo Pessoa, à Procuradoria-Geral da República.
O executivo afirmou que ocorreram repasses de R$ 7,5 milhões para a campanha de Dilma em 2014, e citou o nome do ministro Edinho Silva, hoje na Secretaria de Comunicação Social e que, na época das eleições, foi o tesoureiro do comitê da reeleição da presidente.
O desconforto no Palácio do Planalto fez com que Dilma reunisse os ministros Edinho, José Eduardo Cardozo (Justiça) e Aloizio Mercadante (Casa Civil), cobrando respostas rápidas. O encontro durou cerca de duas horas.
Diagnóstico
No diagnóstico do governo, o depoimento de Pessoa é mais uma pedra no caminho de Dilma, joga luz sobre o financiamento das campanhas do PT e pode ressuscitar a bandeira do impeachment.
O governo também avalia que perdeu totalmente o controle da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, e teme que a delação de Pessoa acirre o clima de confronto, mas guarda como munição os nomes de adversários citados pelo empresário.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se pronunciou sobre o acontecimento, dizendo, em terceira pessoa, que "Não há saída individual. O problema não é o PT, não é a Dilma. O problema é que querem criminalizar o Lula e nos destruir". Lula estará na segunda-feira em Brasília, para se reunir com deputados e senadores do PT.
Defesa
Após a divulgação da delação premiada, Edinho disse que esteve com o empresário Ricardo Pessoa por três vezes para tratar de doações de campanha, e ressaltou que “as contas da campanha presidencial de Dilma Rousseff foram auditadas e aprovadas por unanimidade pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE)”.
Há a previsão de que, para o contra-ataque, os ministros vão lembrar que o empresário apresentou uma lista "suprapartidária" de doações. De acordo com reportagem da revista Veja, Pessoa disse que também repassou recursos para campanhas dos senadores Aloysio Nunes Ferreira (PSDB), Fernando Collor (PTB), Gim Argello (PTB), Edison Lobão (PMDB), Ciro Nogueira (PP) e Benedito de Lira (PP), além de dinheiro para deputados de outros partidos.
Bastidores
A nova turbulência ocorre num momento delicado, no auge do distanciamento entre Dilma, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PT. Além disso, o executivo Marcelo Odebrecht, dono da construtora Odebrecht e também preso, tem ligações com Lula, o que provoca ainda mais apreensão no Planalto.
Nos bastidores, interlocutores da presidente compararam a nova crise a uma batalha sem fim. "É como se estivéssemos numa guerra e não conseguíssemos nem contabilizar os mortos para enterrar", disse um ministro ao jornal O Estado de São Paulo, sob a condição de anonimato.
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